18.7.05


Perdidamente

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
do que os homens, morder como quem beija
é ser mendigo e dar como quem seja
é ser rei do reino de aquém e de além dor

é ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja
é ter cá dentro um astro que flameja
é ter garras e asas de condor...

é ter fome, é ter sede de infinito
Por essas manhãs d'ouro e de cetim
é condensar o mundo num só grito...

E é amar-te assim, perdidamente
é seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando, a toda a gente...

Florbela Espanca
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