depois dum fim de semana com tudo bom e tudo bem..
destaques para:
.a tia Xiquinha de Adenoneiro e o seu pudim;
.o tio Benjamim e o seu camarim de luxo;
.os Hi-fi e o seu palco de causar inveja;
.o Marciano e as frases das suas paredes;
.o público do planalto beirão;
.as cadeiras dos camarins do auditório de Castro Daire;
.o rapaz da recepção que nos pôs a viajar até o sol nascer em busca de comida, sem nada encontrar;
.a discoteca Act, em S. Pedro do Sul, para uma noite de S. João bem animada (mas sem comida);
.o balão «I Love You»;
.os vinhos;
.todo o clã da dona Beta;
.. e mais mil coisas que não consigo enumerar.
.. e a verdadeira cereja no topo do bolo:
o Piano Solo de Philip Glass @ Teatro Circo de Braga
[a proposito disto, mas referindo-se ao mesmo espectáculo, mas apresentado na véspera, no CCB em Lisboa, tomo o seguinte artigo para que tenham uma ideia do que foi..]
Com a boa disposição que lhe é reconhecida, Philip Glass fez questão de não deixar a comunicação com a plateia apenas pelas notas de música que, a solo, tocou durante cerca de hora e meio ao piano. Falou a cada peça que apresentava, frequentemente com uma tirada de humor que arrancou gargalhadas de uma plateia que, em quase respeito religioso, se calava logo depois para escutar, sem interruopções ou ruídos, a obra que se seguia.
Quase em jeito de discreta e agradável lição, explicando ponto a ponto o que íamos ouvir, "mestre" Glass brilhou uma vez mais num palco lisboeta. Após dois encores, a ovação de pé agradeceu, firme, no fim.
De negro (como sempre se apresenta em palco), óculos no rosto, sem partituras sobre o piano, Philip Glass levou ao Grande Auditório do CCB uma inesquecível noite de peças para piano, umas delas originalmente composta para teclas, outras (como os casos de um excerto de Thin Blue Line ou o Knee Play 4 de Einstein On The Beach) em transcrição para aquele que era o único instrumento em palco.
Depois de saudar uma plateia praticamente cheia com Mad Rush e Wichita Vortex Supra, mergulhou nos quatro primeiros andamentos do ciclo Metamorphosis que, como vincou no momento, compôs em 1987 para explorar sugestões de semelhança entre as peças. Notaram-se bases feitas de módulos com poucas diferenças, aceitando depois as sugestões melódicas na mão direita, estas mesmo assim contidas e de evidente afinidade entre cada peça. Seguiu-se, para contraste, parte do ciclo Études For Piano, estes escritos quase dez anos depois a vincar uma lógica inversa, revelando a cada vez mais presente curiosidade e liberdade lírica da mais recente música de Philip Glass.
O compositor sabe que não é um virtuoso no piano. De resto, muitas das gravações das suas obras para piano são interpretações de Michael Riseman. Mas nas suas mãos, a sua música respira uma verdade e humanidade que arrebatam e encantam. As palavras ditas depois sublinhando essa rara capacidade de cativar. Como sempre, venceu!
NUNO GALOPIM (Diário de Notícias, 25/06/2007)
destaques para:
.a tia Xiquinha de Adenoneiro e o seu pudim;
.o tio Benjamim e o seu camarim de luxo;
.os Hi-fi e o seu palco de causar inveja;
.o Marciano e as frases das suas paredes;
.o público do planalto beirão;
.as cadeiras dos camarins do auditório de Castro Daire;
.o rapaz da recepção que nos pôs a viajar até o sol nascer em busca de comida, sem nada encontrar;
.a discoteca Act, em S. Pedro do Sul, para uma noite de S. João bem animada (mas sem comida);
.o balão «I Love You»;
.os vinhos;
.todo o clã da dona Beta;
.. e mais mil coisas que não consigo enumerar.
.. e a verdadeira cereja no topo do bolo:
o Piano Solo de Philip Glass @ Teatro Circo de Braga
[a proposito disto, mas referindo-se ao mesmo espectáculo, mas apresentado na véspera, no CCB em Lisboa, tomo o seguinte artigo para que tenham uma ideia do que foi..]
A espantosa lição ao piano por Philip Glass
Com a boa disposição que lhe é reconhecida, Philip Glass fez questão de não deixar a comunicação com a plateia apenas pelas notas de música que, a solo, tocou durante cerca de hora e meio ao piano. Falou a cada peça que apresentava, frequentemente com uma tirada de humor que arrancou gargalhadas de uma plateia que, em quase respeito religioso, se calava logo depois para escutar, sem interruopções ou ruídos, a obra que se seguia.
Quase em jeito de discreta e agradável lição, explicando ponto a ponto o que íamos ouvir, "mestre" Glass brilhou uma vez mais num palco lisboeta. Após dois encores, a ovação de pé agradeceu, firme, no fim.
De negro (como sempre se apresenta em palco), óculos no rosto, sem partituras sobre o piano, Philip Glass levou ao Grande Auditório do CCB uma inesquecível noite de peças para piano, umas delas originalmente composta para teclas, outras (como os casos de um excerto de Thin Blue Line ou o Knee Play 4 de Einstein On The Beach) em transcrição para aquele que era o único instrumento em palco.
Depois de saudar uma plateia praticamente cheia com Mad Rush e Wichita Vortex Supra, mergulhou nos quatro primeiros andamentos do ciclo Metamorphosis que, como vincou no momento, compôs em 1987 para explorar sugestões de semelhança entre as peças. Notaram-se bases feitas de módulos com poucas diferenças, aceitando depois as sugestões melódicas na mão direita, estas mesmo assim contidas e de evidente afinidade entre cada peça. Seguiu-se, para contraste, parte do ciclo Études For Piano, estes escritos quase dez anos depois a vincar uma lógica inversa, revelando a cada vez mais presente curiosidade e liberdade lírica da mais recente música de Philip Glass.
O compositor sabe que não é um virtuoso no piano. De resto, muitas das gravações das suas obras para piano são interpretações de Michael Riseman. Mas nas suas mãos, a sua música respira uma verdade e humanidade que arrebatam e encantam. As palavras ditas depois sublinhando essa rara capacidade de cativar. Como sempre, venceu!
NUNO GALOPIM (Diário de Notícias, 25/06/2007)
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