23.5.06























Em cima estão alguns momentos fotografados pela Lara, deixo agora o texto que escrevi para o programa:
Podia contar-vos anedotas mas não foi para isso que vim. «Confesso que vim aqui para outra coisa. Estou de serviço».

«...en réalité je suis devant le monde comme devant un bloc opaque et j'ai l'impression que je ne comprends rien à rien, et qu'il n'y a rien à comprendre.»

in IONESCO, Eugéne, Ruptures de silence - Rencentre avec André Coutin, Mercure de France, pág. 70.


Certamente algo semelhante com o que Ionesco nos diz acima parecerá surgir nas mentes de todos vós, que hoje aqui nos vêm ver, mas o que o é certo é que por detrás deste “bloco opaco” com o que provavelmente sorrireis, algo de trágico existe.. e com ele convivemos a cada instante.
Tal como a Sra. e o Sr. Martin descobrem que são marido e mulher, também vós, caros espectadores, descobrireis que a vossa existência possui um aspecto tragicómico, um carácter incompreensível ao nível das relações humanas, e a pressão das convenções sociais.
Com frases, talvez, um pouco menos absurdas, as nossas vidas, como as destas personagens, enchem-se de momentos onde a comunicação entre seres humanos se torna impossível.
A busca que todos partilhamos de encontrar um “mundo são” leva-nos muitas vezes a esgotar a linguagem em jogos de palavras estereotipados, que acabam por anular qualquer capacidade de comunicação.
Assim, na pele (ou na farda, se preferirem) de Bombeiro, venho apenas pedir-vos que façam uso daquilo que ainda nos pode distinguir destas personagens. Falo-vos da esperança. E com ela, ou por meio dela, deixem que a chama que os vossos corações têm cresça e pegue fogo a uma pedra, a um castelo, à floresta, aos homens, às mulheres, aos passarinhos, aos peixes, à água, ao céu, à cinza, à fumarada, ao fogo, a tudo.
«É porque… perdoem, mas tenho ordem de apagar todos os incêndios na cidade.»

TIAGO FERNANDES

1 comentário:

Sofia Lages Portfólio disse...

Estás certíssimo meu caro, tens toda a razão naquilo que dizes, e acredito piamente que nós aprendemos com esses erros, e jamais os cometeremos.